sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Costumo deixar o título por último.

 Hoje aconteceu algo engraçado. Eu teria rido se não estivesse ocupada demais criando mil histórias alternativas que usassem aquilo numa comparação com a minha vida. Li uma historinha sobre uma garota de 15 anos (oh, coincidências) que se suicida, mas na verdade ela já está morta há algum tempo. Isso me fez pensar se realmente estou viva ou não.
 Pode parecer estranho, mas sinto como se já estivesse morta. Os dias passam, eu acordo, faço o que tenho de fazer e durmo de novo. Aí vem outro dia. E ele também passa sem deixar nenhum marco, nenhuma lembrança, nada do que eu possa um dia me orgulhar. Passei o ano todo desejando que o ano acabasse, e cá estamos: outubro. 
 Outubro é um mês bonitinho, não? É o mês do meu aniversário. Também marca o início do calor infernal que eu tanto odeio, e as milhares de pseudofestas de halloween. Gostaria mais dele se fosse um mês cinza.
 Não sei se todos vocês estão acostumados com minhas metáforas, enfim: mês cinza é algo parecido com aquele clima que julho traz, sabe? Aquela tonalidade azul que enche o céu às 7:00hs da manhã que só eu devo notar, aquelas nuvens brancas que fazem você viajar para um universo paralelo como se elas fossem uma espécie de táxi entre os dois mundos, aquelas chuvinhas finas que tornam as pessoas mais taciturnas. Isso tudo vale muito mais do que outubro e os meses vermelhos. Mania de dar cores as coisas, desculpe.
 Eu gosto de imaginar que escrevo para fantasmas, eles apresentam uma espécie de segurança. Eles não podem me atingir. Não como os vivos. Nada se compara aos vivos. Não vejo a hora de me tornar um deles, aí poderei ajudar outro escritor até que ele se junte a nós, também. Queria ter a coragem necessária para acelerar esse processo. 
 E queria entender o que leva alguém a gostar desse mundo. Nossos pensamentos são controlados, nossos sentimentos são vendidos em formas de pílulas com gosto ruim, nossos gestos são desprezados. E tudo é resolvido com uma receita médica, ou algo mais radical. Na verdade, acho que estou bem sem entender nada disso. Entender algo cria laços, e não quero nenhum tipo de ligação com esse mundo. 
 Só peço que me levem daqui. Vocês, fantasmas, que sei que estão lendo isso agora. Me levem daqui o quanto antes. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário